quarta-feira, 12 de maio de 2010

Capítulo I , Part 01

Verão de 2003. É uma sexta-feira qualquer do mês de janeiro, Karen e sua família acabam de chegar a Aquidauana no Mato Grosso do Sul, uma cidade do tipo interiorana, de economia predominantemente pecuária. Como na maioria das cidades desse estado o povo é pacato e a vida parece seguir outro ritmo, mas o que realmente chama a atenção e seduz os visitantes por essas bandas são as belezas naturais do Cerrado e do Pantanal.
No horizonte o sol arde entre as nuvens, na cidade há pouco movimento, ainda é muito cedo e o clima já esta abafado. Eles param em uma padaria lá pelo centro mesmo para tomarem o café, afinal já estão a um bom tempo na estrada. Max estaciona o carro em uma das ruas principais próximo a uma linha de trem, do outro lado da rua existe uma espécie de centro comercial, esse lugar comercializa artigos importados.
Depois do café saem a pé pela Rua 7 de Setembro até um supermercado grande. Não é difícil caminhar pelo centro, a cidade possui seu traçado em xadrez, sendo as principais de acesso aos bairros as ruas Estevão, Pandiá Calógeras e a Duque de Caxias, as paralelas 7 de Setembro, Pães de Barros e a Marechal Mallet.
Mas não pense que os Reards estão por acaso na cidade ou simplesmente foram a uma agência de turismo e pediram algum roteiro em especial. Sônia tinha uma ligação com a cidade, por mais que nunca estivera em Aquidauana sabia de sua existência através de uma prima e essa já há algum tempo vinha lhe convidando para visitá-la, agora cá estão. Bem, a prima no fim acabou viajando para a Europa, mas como Max já havia planejado toda a viagem, resolveram vir assim mesmo, além do mais Sônia fez a aquisição de uma chácara na cidade, quase que histórica, pertenceu a família Rondon, um dos fundadores.
Como qualquer turista, eles caminham bastante pelas lojinhas do centro em busca de algumas coisas para a casa, Max aproveita para ir ao banco e fazer algumas ligações, Carlos pouco interessado em fazer turismo fica em uma dessas casas de jogos eletrônicos. Karen e sua mãe visitam o museu e a praça perto da “Ponte Velha”, ambas se apaixonam pela igreja Matriz com seu estilo neogótico. Mais ou menos lá por onze e meia todos se encontram em um restaurante pré-definido no centro.
Depois do almoço e sem maiores contratempos partem em direção a área rural. Da estrada é possível avistar a casa bem ao longe, uma espécie de sobrado, a cidade já ficara a uns bons quilômetros para trás. Aproveitando a ocasião Karen retira de sua mochila um binóculos, presente do último Natal, e começa a observar melhor o lugar. A casa foi toda construída com madeira, é antiga, mas havia sido reformada, ela se situa em meio ao campo verdejante e florido, ao lado a uns 5 metros ergue-se um imenso pé de Jatobá-mirim com uma mesa de piquenique em pedra a sua sombra.
Os garotos estão em suas férias habituais, Max, dono de uma corretora imobiliária, resolveu de última hora tirar férias e Sônia não larga o seu escritório já faz um bom tempo. São uma família abastada e ocupada, nesse raro momento em que todos estão juntos poderiam viajar para qualquer parte do mundo, mas Max acabou optando por esse roteiro mais familiar, no seu ponto de vista, obviamente sob protestos de seus filhos adolescentes.


O que mais chama a atenção de Karen é a floresta que fica a uns 350 metros adiante da casa, a princípio mística, aparenta ser toda fechada com uma ou duas picadas abertas. Na propriedade ao lado ovelhas pastam soltas em meio ao campo, uma visão até certo ponto bucólica. O clima começa a melhorar, um vento suave sopra em seus rostos dando sensação de liberdade, isso misturado a cheiro de flores com campo molhado. Deslocam-se por uma estrada de cascalho cercada por ambos os lados, quando entram na estrada que os levará à entrada de sua chácara, o carro passa a trepidar menos, o caminho prossegue até um pedaço da divisa entre as propriedades com uma grande porteira no final, bem ao lado um pouco menor a porteira deles. Do lado de trás da casa, a 750 metros mais ou menos na chácara vizinha, há uma casa quase do mesmo estilo, seu diferencial está na cor, azul, no material, de alvenaria e por ser rodeada por uma cerca baixa de madeira na cor branca. Também possui um celeiro alto, mas este de madeira e bem mais ao longe começa uma cadeia de morros.
O céu começa a limpar, os primeiros feixes de raios solares rasgam as nuvens no horizonte produzindo um espetáculo à parte enquanto dois casais de araras dão seus gritos em pleno vôo. Naquela santa paz Karen começa a acostumar-se com o roteiro traçado para as suas férias, afinal está no Pantanal, e o lugar é um paraíso natural. Cores, sons, e formas se sucedem em espetáculos de beleza constante o que acaba provocando um grande impacto em suas mentes, isso os instiga a quererem conhecer mais a região, logicamente que ela tenta não deixar essas emoções transparecer tão facilmente, não quer dar o braço a torcer.

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