terça-feira, 18 de maio de 2010

Capítulo I , Part 03

A viagem havia sido um pouco desgastante para eles, principalmente para Carlos e Karen, a promessa de um pouco de diversão proposta por Corey começava a dar um novo gás aos dois. Já na floresta, caminham atentos a cada detalhe do que era lhes revelado, a poucos instantes Corey comentara a decisão de fazerem o percurso a pé - não há como entrar com cavalo ou qualquer veículo naquela mata, o terreno é acidentado, cheio de buracos e pequenos barrancos ali no início- agora comprovam. A princípio quando adentram na mata sopra um vento de intensidade média, dá para ouvir o som das folhas se ricocheteando no ar e se arrastando pelo chão, o mesmo é recoberto inteiramente por uma gramínea rasteira em certas partes e irregular em outras, também há arbustos e alguns troncos secos tombados e a claridade vem do alto das copas das árvores grandes. Karen é só curiosidade, aquele ambiente desperta certa admiração ao compasso que alguns sons também lhe causam calafrios, as coisas que via, nunca esteve em lugar semelhante.


Caminham um bocado até chegarem à proximidade de um grande tronco caído e Karen decide fazer uma breve pausa para recuperar o fôlego, todos agora parados e com o breve silêncio ouvem ruídos de folhas secas sendo pisoteadas, sem alarmar trocam olhares entre si buscando respostas. O som vai aumentando de intensidade à medida que o seu causador se aproxima, um arrepio toma-a por inteira.
- Corey? Que barulho é esse?
- Não tenho certeza... Pode ser um lobo, uma onça...
- Ah! Tá, obrigada pela informação!
- Ou pode ser outro animal qualquer faminto se espreitando na mata... Esperando por uma distração nossa e... - ironiza Carlos.
- Se for mesmo, você será o primeiro a virar a refeição por falar muito viu!- brincadeiras a parte Carlos visivelmente se mostra apreensivo.
- Não sejam bobos! Não é nada de terrível- Corey demonstra-se seguro o que deixa Karen mais tranqüila.
Com os nervos tranqüilizados a descontração é geral e não conseguindo mais se conterem riem da situação. Uma breve pausa e o silêncio é quebrado novamente pelo estralo de um graveto vindo de uma árvore logo a frente, não há reação desigual, os três pulam para trás do primeiro tronco que encontram pela frente e se colocam a vigiar a mata. Não demora e eis que surge um filhote de porco-do-mato grunhindo, daí sim passam do susto para gargalhadas entusiasmadas. Mas um cheiro desagradável empreguina o ar, o que chama a atenção de Karen e ao olhar para trás não contem o pavor.
- AAAAAA!- a poucos metros deles uma carcaça inteiramente mutilada, como se tivesse sido cortada por várias lâminas ao mesmo tempo, os vermes brotam por toda a carne e o mau cheiro passa a ser nauseador, mais que de pressa eles saem de perto daquele local tampando as narinas e a boca.


- Calma Karen! O que é isso gahh?- Carlos tenta aclamar a irmã ajudando-a a sentar-se em outro tronco bem mais a frente.
- Acho que era a mãe do porquinho... - responde Corey.
- Que cheiro, meu Deus! O que pode ter matado aquele animal Corey?- Carlos senta-se ao lado da irmã.
- Não sei ao certo... - Corey senta no chão. - Isso foi realmente desagradável!
- Não foi culpa sua Corey!- Ameniza Karen, ela passa a mão na garganta e engole a seco suas palavras. - Acho que estou com sede!
- Então vamos continuar. Logo chegaremos aonde quero levar vocês.
- Mas Corey! Você não acha perigoso andarmos com esse bicho por aí?
- Não Carlos, não tem perigo. Por essas redondezas tem muita gente, bicho aqui age só de noite, estou acostumado pode confiar em mim!
Karen e Carlos trocam olhares e apenas concordam com a cabeça, levantando prosseguem o caminho indicado por Corey, pelo percurso não comentam o ocorrido, apenas redobram ainda mais atenção com tudo a sua volta. Logo caminham por uma trilha, dedutivamente aberta por alguma pessoa, mais à frente ela se divide em três e Karen busca respostas direto nos olhos de Corey.
- E agora, por onde?
- Se eu não me engano... - reflete por um instante - É seguindo em frente!
- Como assim?
- Calma pessoal! É brincadeira, é esse mesmo. – Indica com a cabeça a direção a sua frente.
– Bom! Assim espero. – resmunga Karen. - E onde vão dar essas outras trilhas?


- Essa aqui - indica com a mão a da direita, é mais aberta e muito parecida com a que seguirão - termina em uma tribo indígena a quatro quilômetros mais ou menos daqui. Já essa outra - repete o gesto apontando para a da esquerda, essa faz uma inclinação de noventa graus onde a luz penetra com maior dificuldade, os arbustos e a grama possuem um aspecto seco e retorcido - acaba num lugar chamado “Ivokóvoti”...
- Hã? - Interrompe Carlos.
- Quer dizer “Morto” em aruak, a língua Terena! Este nome foi dado pelos antigos índios dessa terra, conta a lenda que quem ousa caçar neste lugar ao anoitecer... Jamais retorna, também dizem que lá existe uma caverna onde é morada das almas perdidas.
- Que tal explorarmos Karen?
- Lamento Carlos, mas ninguém pode ir até lá! - Diz Corey fechando o semblante -. É um lugar amaldiçoado, de muito sofrimento.
- Mas nós só iríamos entrar na floresta!
- Carlos! Se ele disse que é perigoso...
- É só uma lenda! Mas nós a respeitamos. Além disso, pode ter onça ou lobos por lá.
- Pronto! Não se fala mais nisso e vamos em frente logo. - Ordena Karen sendo imediatamente atendida, eles continuam pelo caminho indicado.
- Eu protejo você Karen! – Diz Corey serrando os lábios.
- Eu sei...
Karen sorri e seus olhos brilham como os de uma criança ao ponto que tudo acontece conforme seu desejo, numa esfera aparentemente romântica. O clima de paquera deixa-a boba e claramente tudo o que acontece não passa despercebido aos olhares críticos de Carlos, mas seu humor é ainda mais incontestável.
- Ô! E quem vai me proteger? - gestos de gozação e molecagem, ele agarra-se no pescoço de Corey -. Você me protege?
- Ham? - a princípio ele estranha a brincadeira, mas logo entra no clima -. Claro!
- Ei... Gente! A garotinha aqui sou eu.
- Então tente nos alcançar querida... - Os dois saem em disparada pela trilha, Karen corre também, mal consegue persegui-los de tanto rir.

2 comentários:

  1. Véio , vc escreve muito bem !
    Vc já tem a estória toda escrita ou vai escrevendo assim no blog mesmo?
    Parabens! Virei seguidor .
    Visita meu blog, se quizer segui-lo tambem será uma honra!
    http://amansim.blogspot.com/

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  2. nossa amigo cada de que passa fico mais apaixonada pela sua historia.....vc esta de parabens, alem de sua amiga, tambem virei sua fã....tenho muito orgulho de ti, saiba disso...
    te adooorooooo...bjosssss

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